A Kia tem encontrado alguns obstáculos no mercado automotivo brasileiro. Uma estratégia de marketing sem graça e a falta de concessionárias espalhadas pelo país de tamanho continental têm feito com que as vendas da montadora sul-coreana fiquem baixas por aqui.


Segundo o Automotive Now, Gustavo Gandini, o diretor da Kia no Brasil, fez uma análise das dificuldades enfrentadas pela marca no mercado automotivo brasileiro. E, sim, se você pensou que a pedra no sapato da montadora é a crise dos semicondutores, pensou certo. 


De acordo com Gandini: “A Kia ainda está sofrendo muito com os semicondutores. Parece que as marcas que vendem carros de entrada estão conseguindo produzir por usarem chips com menos tecnologia agregada, mas estamos focando muito no mercado mais premium, inclusive com uma linha de SUVs híbridos. Poderíamos até retirar alguns equipamentos dos carros para aumentar o volume de produção, mas preferimos entregar produtos com maior valor agregado e mais tecnologia para nossos clientes”.


Enrascada global


A situação da Kia no Brasil é curiosa: como eles não fabricam nenhum de seus carros por aqui, logicamente, tudo que chega é importado. Por conta disso, a falta de componentes nas fábricas gringas afeta diretamente o desempenho da marca em nosso mercado automotivo.


Podemos usar como exemplo o novo Sportage híbrido-leve que chega por aqui direto da Eslováquia, enquanto o Niro, que é um híbrido ainda mais sofisticado, vem lá da Coreia do Sul, berço da Kia. É como se a Kia estivesse trazendo um pedacinho da Europa e da Ásia diretamente para as nossas ruas.


Planos de aumento de vendas

Gandini está mostrando que, apesar das dificuldades de importação, a Kia Brasil não está para brincadeira. A equipe está negociando como nunca para vender um total de 8.500 carros até o fim de 2023. Caso essa meta seja de fato atingida, a Kia vai deixar 2022 comendo poeira, com um aumento de quase 60% nas vendas. 


É um número ambicioso, já que, segundo a Fenabrave, no ano passado a marca emplacou apenas 5.384 unidades, com uma participação ínfima de 0,28% no mercado de carros e comerciais leves. 


Mas, em 2023, parece que as coisas estão começando a mudar: até março, a Kia já conseguiu emplacar 1.280 carros, aumentando a participação para 0,29%. É como se a montadora estivesse dando um sinal de vida na corrida pela liderança do mercado automotivo brasileiro.


Gustavo comentou: “Estamos negociando volumes maiores até por conta dos lançamentos de Sportage e Niro. Só que não esperávamos enfrentar essa dificuldade de produção. O Sportage, principalmente, é produzido na Eslováquia, e a guerra na Ucrânia acaba interferindo também. Há problemas de entregas de peças e de logística, e tudo isso dificulta nossa operação”.


O executivo afirmou que está batalhando duramente e negociando com a fábrica para conseguir alcançar o volume de vendas almejado. E olha que a Kia do Brasil tem uma missão e tanto: ela responde ao escritório regional de Miami, nos Estados Unidos. Parece que a Kia Brasil está disposta a dar o seu máximo para superar os desafios e alcançar o sucesso


“Estamos brigando com a fábrica para chegar a esse número e negociando para conseguir, mas nem eles conseguem dizer quando esse problema será resolvido. A expectativa é de melhora em até três meses para, quem sabe, ter um volume mais garantido no segundo semestre, ainda com dificuldades”.


Vem aí um choque elétrico: Em breve teremos o primeiro carro elétrico da Kia no Brasil


De acordo com o Automotive Now, Gandini revelou os planos da Kia para o mercado brasileiro de carros elétricos. O primeiro modelo que será lançado é o Niro elétrico, e a previsão é que ele chegue ao Brasil já no início do ano que vem. A Kia está pronta para acelerar rumo ao futuro verde!


“O primeiro modelo a chegar deve ser o Niro elétrico e estamos negociando para ver quem chegará primeiro: EV6 ou EV9. O EV6 foi muito premiado na Europa, onde foi o primeiro veículo coreano a ganhar o título de Carro do Ano. Quanto ao EV9, eu acredito que seja bastante interessante para nosso mercado pelo tamanho e por oferecer espaço interno para sete passageiros”, declarou.


Com um toque de humor, podemos dizer que, atualmente, o herói das vendas da Kia no Brasil é o Bongo K2500, um utilitário que mostra que tamanho é documento. Ele consegue vender mais do que todos os carros de passeio da montadora juntos. “O Bongo é o grande astro das nossas vendas porque é fabricado no Uruguai, seguido pelo Sportage. O Stonic ainda tenta fazer seu nome, enquanto o Niro e o Carnival lutam para ganhar mais espaço. Aliás, se a produção desse jeito, Niro e Sportage seriam tão populares quanto bandas de rock nos anos 80”.